Criatividade, inovação, relações interpessoais saudáveis e comunicação empática (tanto na comunicação interna quanto na externa) são apenas alguns exemplos de elementos essenciais ao sucesso dos negócios, mas que só poderão ser efetivamente alcançados por meio da humanização das empresas.
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Tecnologia, métricas e resultados são as respostas para o sucesso do mundo corporativo?
De acordo com o professor e diretor do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da Unifesp, Dante Gallian, falta uma variável fundamental nessa lógica: a humanização das empresas.
Para o professor, autor do livro “A Literatura como Remédio: os clássicos e a saúde da alma”, a tecnologia não é um problema, mas a proporção que ela assumiu em nossas vidas sim. Deixou de ser instrumento que melhora nossas vidas para nos tornar seu instrumento. Corremos o risco de nos tornarmos escravos da tecnologia, sempre obedecendo a seus comandos.
“De que vai adiantar essa revolução tecnológica, do ponto de vista de operação, se o fator humano não estiver presente?”, questiona Gallian.
“E, aqui, falo sobre sensibilidade, inovação e criatividade, por exemplo. Para termos isso, é preciso cultivar o aspecto humano. E, para cultivá-lo, as empresas terão de ser espaços de desenvolvimento do humano de maneira cada vez mais ampla e aprofundada.”, completa.
Atuar somente por meio de uma perspectiva racional e quantitativa é ineficiente. Devemos levar em conta as nossas sensibilidades, afetos, sentimentos, criatividade, intuição e vontade.
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Revalorizar a dimensão afetiva é humanizar
Somos chamados a produzir respostas meramente racionais diante de qualquer estímulo. Mas quantas vezes já fomos convidados a expressar o que sentimos diante de algo que vivenciamos? Principalmente nas empresas, na comunicação com o funcionário. Revalorizar essa dimensão é humanizar. É abrir espaços de escuta para si mesmo e para o outro.
Gallian propõe a humanização por meio da literatura. Nela os autores traduzem experiências humanas que são universais, abordam nossas questões essenciais e existenciais. Mas ainda seria preciso buscar entender e expressar a sensibilidade que a obra desperta em cada um. Ou seja, ir além dos parâmetros racionais e intelectuais. Para além de categorizar estilos, períodos e características do texto, a proposta sugere que se analise o que você sente a partir da obra.
Empresas humanizadas
No mundo corporativo, além dos resultados práticos e técnicos, os funcionários devem analisar e expressar suas sensações. O sucesso desse processo depende, em parte, do incentivo das lideranças e setor de RH, por exemplo. Assim, é possível ter expressões criativas e inovadoras, ter relações interpessoais mais saudáveis e uma comunicação assertiva e empática.
Pensar as empresas em uma lógica produtivista, centrada apenas em resultados pode ser ineficiente.
Tratar os seres humanos como instrumentos para atingir resultados é desumanizador. Literalmente, geram doenças. Gillian afirma que o mundo corporativo atualmente é um dos espaços mais produtores de doenças. O que, consequentemente, prejudica a empresa, comprometendo seus resultados. O negócio também adoece quando seus funcionários adoecem.
De acordo com cases de empresas que investem em uma cultura humanizada, houve aumento na retenção de talentos, diminuição nos índices de abstenção e melhora no nível de satisfação dos funcionários com o ambiente de trabalho.
Desse forma, o autor propõe a Responsabilidade Humanística como uma quarta dimensão a ser adicionada ao tripé da sustentabilidade composta pelos pilares: financeiro, social e ambiental. *Este texto foi desenvolvido a partir da entrevista publicada pela Revista Melhor Gestão de Pessoas. Para acessar a entrevista completa com Dante Gallian clique aqui.