Ano passado fomos contatados por uma empresa atuante na área plástica, com um baita desafio em uma de suas fábricas. O alto turn-over, a desmotivação e a falta de engajamento dos colaboradores. A empresa precisava entender o que estava se passando naquela unidade de trabalho.
Esse post é a parte 2 que discorre sobre a pesquisa como parte de um amplo projeto de pesquisa e comunicação. Caso você queira entender em profundidade o contexto todo, sugiro que dê uma olhadinha na Parte 1.
Como não havia uma cultura consolidada de comunicação interna, a empresa não tinha dados para nos disponibilizar.
O primeiro passo foi conversar com quase que a totalidade de líderes e parte dos colaboradores que operavam nos três turnos e fazer observações participativas no dia a dia da fábrica. Nosso objetivo era realizar um diagnóstico dos principais fatores que explicariam aspectos motivacionais e de satisfação entre eles.
Sabíamos que iniciar essa pesquisa iria criar expectativas, então atrelado a ela propomos criar um projeto de arte para envolver os colaboradores e seus familiares como um marco inicial de mudanças.
Algo que possivelmente todos nós de comunicação saibamos, e que opera milagres, é o simples fato de, genuinamente ouvir as pessoas. Daquelas entrevistas surgiram ideias e sugestões capazes de beneficiar a todos, e grande parte delas não exigiam recurso, apenas resiliência para mudanças no processo de trabalho diário.
Ao final das entrevistas, citávamos a possível criação de um projeto de arte voltado para eles, colaboradores. Queríamos saber suas opiniões, hobbies, preferências culturais e principalmente se haveria interesse na participação. Já que se tratava de um contexto desafiador, nossa preocupação era de criar engajamento.
O cliente, apesar de enxergar o valor da pesquisa e do projeto de arte, estava com a expectativa baixa em relação a participação do seu público interno.
Mas o que era esse projeto afinal?
Criamos um estúdio de arte dentro das instalações fabris para a execução de oficinas aos finais de semana voltadas aos colaboradores, seus familiares e amigos ao longo de um mês. Convidamos um artista para mediar as oficinas, no entanto, os protagonistas criadores da arte foram os próprios colaboradores. O objetivo central foi criar um ambiente lúdico de co-criação sem hierarquia e com muita diversão, lanche e música ao fundo. A matéria prima foram os resíduos plásticos gerados pela empresa, a partir deles foram criadas duas grandes obras, uma decorou a recepção da fábrica e outra foi um grande painel doado à secretaria de cultura da cidade que será exposto num ambiente público.
Quanto ao engajamento, foi acima do esperado. As oficinas suportavam um máximo de 50 pessoas, começaram com 35 e foram aumentando paulatinamente ao longo do mês. A última contou com 70 pessoas e decidimos apertar o espaço e receber todos de braços abertos, felizes pela participação e com a certeza de que as entrevistas iniciais, um kick off para os líderes e uma campanha de divulgação tinham dado o retorno mais que almejado.