O Público interno, a comunidade local, a reciclagem, a pesquisa, a comunicação e a arte.

Em 2014 iniciamos um trabalho junto a uma empresa de embalagens. Como tratou-se de um projeto amplo, vou dividi-lo em alguns posts para que facilite o entendimento e o conteúdo não fique extenso. O objetivo central era de entender a fundo um cenário desafiador em uma de suas fábricas. A falta de motivação e engajamento do público interno.

Foi criado um projeto que durou ao todo 8 meses e se iniciou com uma pesquisa de cultura corporativa formada por entrevistas em profundidade e observações participativas que gerou um diagnóstico abrangente com um retrato atual de um contexto desafiador e apresentou as raízes dos desafios a serem trabalhados no curto, médio e longo prazos. Ouvimos presencialmente parte dos colaboradores, quase que a totalidade de líderes e observamos o dia a dia de trabalho.

A curto prazo, criamos uma iniciativa com o tema de reciclagem e reuso de resíduos gerados pela empresa. No entanto, essa iniciativa intitulada “A arte de reciclar” trabalhou outras tantas questões a fim de ao menos iniciar uma mudança que deverá ser paulatina e contínua.

Inicialmente foi feita uma campanha de divulgação interna e na sequência foram criadas oficinas de arte aos finais de semana para os colaboradores, seus familiares, amigos e quem mais eles quisessem convidar. Uma instalação da fábrica foi decorada com paletes e resíduos que seriam inicialmente descartados, simulando um estúdio de arte. Um artista foi chamado para mediar as oficinas, mas os verdadeiros artistas eram os próprios colaboradores e demais participantes. Eram muitos objetivos, dentre eles: criar uma arte coletiva a partir de resíduos, trabalhar o relacionamento entre colegas de trabalho fora do ambiente fabril, todos terem a chance de se reciclarem, observar o colaborador como protagonista na criação de uma obra e por fim, todos aprenderem sobre questões de reciclagem e reuso de forma lúdica, colocando a mão na massa.
Em paralelo às oficinas que aconteciam na empresa, foram feitas também oficinas com o mesmo artista na secretaria da cultura da cidade local, voltadas às escolas da região, sempre contando com os resíduos de embalagem sendo a matéria prima para a criação da arte e os participantes como protagonistas na criação. Mais de 200 crianças participaram e suas artes geraram uma grande obra que será exposta em uma área pública na secretaria da cultura e tem previsão de inauguração até o meio do ano.
Após a conclusão das obras fomos novamente conversar com os colaboradores para entender o impacto da ação e o que foi absorvido. Novamente entrevistamos líderes e colaboradores e tivemos um diagnóstico aprofundado de resultados positivos e desafios a serem trabalhados adiante.

No entanto, o que achamos interessante compartilhar, é o fato de poder abordar tantas questões em um único projeto, nem que de forma superficial para começar a mexer em um terreno delicado, cheio de desafios e começar a co-criar um ambiente propício a diálogos, aprendizagem e mudança pouco a pouco.